top of page


Verde por Fora, Vermelho por Dentro
Aos 50 anos, Aurora revisita memórias da infância na roça, entre goiabas e margaridas, refletindo sobre sua diferença e identidade. Inspirada por "O Patinho Feio", ela encontra acolhimento na goiabeira da avó Alice — abrigo, torre e silêncio. Um relato sensível sobre pertencimento, saudade e o reconhecimento de si mesma como parte da Ilha da Diferença. Verde por fora, vermelho por dentro: como ela, como nós.

Silvia Rocha
22 de out.2 min de leitura


Colar de Espinhos e Beija-flor
Acordei com o cheiro da tinta ainda preso às narinas. O quarto estava quieto, mas dentro de mim havia um zumbido — como se um beija-flor tivesse se perdido entre as costelas. O espelho me olhava com a mesma expressão de ontem: um misto de desafio e cansaço. Vesti a blusa de algodão que ainda guardava vestígios de pigmento, e caminhei até o cavalete. Lá estava ela. Eu. Ou o que sobrou de mim.

Silvia Rocha
10 de out.2 min de leitura


A Sombra que Habita em Mim
O cheiro do mar, salgado e persistente, se mistura ao doce da pitanga madura. É o que me ancora. Na Ilha dos Sonhos, esse aroma é o único fio que ainda me liga ao mundo. Às vezes, o vento traz também o cheiro de café fresco, e Lucio se lembra da cozinha da infância, da mãe cantando baixinho enquanto mexia a colher de pau.

Silvia Rocha
4 de out.3 min de leitura


Entre o Labirinto da Mente e o Abraço da Ilha
A brisa da manhã traz o cheiro de maresia e bolo de fubá. É estranho como certas lembranças chegam assim, sem aviso, como fantasmas gentis. O cheiro me leva a uma cozinha que talvez tenha existido, talvez não. Um riso infantil ecoa, mas não sei se é meu. A areia sob meus pés parece me reconhecer. Piso nela como quem retorna a um lugar que nunca deixou.

Silvia Rocha
4 de out.2 min de leitura


O Corvo, a Sereia e a Ilha do Silêncio
Hoje acordei com gosto amargo na boca. Não sei se foi o vinho barato ou o sonho que tive. Sonhei com a 
Diário Coletivo é um espaço onde personagens ganham voz para contar suas vivências, dores, descobertas e transformações. Cada relato é uma janela para o mundo interno de alguém — real ou simbólico — que atravessa emoções humanas universais. Aqui, a psicologia se encontra com a narrativa, revelando que, embora únicos, somos feitos da mesma matéria sensível: histórias que me

Silvia Rocha
4 de out.3 min de leitura


O Gosto Doce da Lágrima
Hoje acordei com gosto de lágrima na boca. Era doce. Como se o afeto tivesse dormido comigo e deixado um rastro nos lábios. O sol entrou pela fresta da janela como quem pede licença. Me levantei devagar, com o corpo pedindo desculpas por existir. A pele arde, os pés doem, e o espelho já não me reconhece. Mas ainda sou eu. Ou o que sobrou de mim.
 
A Ilha da Ternura Esquecida me conhece. No começo, eu só passava. Depois, comecei a ficar. Hoje, sou parte da paisagem.

Silvia Rocha
4 de out.3 min de leitura


O Som da Porcelana Quebrada
Hoje o dia chegou com cheiro de fel. Acordei com o gosto de um ontem ainda guardado na boca — amargo, como café esquecido no bule. A luz entrou pela fresta da veneziana, tímida, como quem sabe que não é bem-vinda. Meus pés tocaram o chão da casa e senti a frieza da Ilha da Pedreira, como se ela tivesse se instalado dentro de mim.

Silvia Rocha
4 de out.2 min de leitura


Quando o Corpo Dói, Mas a Alma Canta
Hoje o vento me acordou com cheiro de maresia e lembrança. As dores vieram junto, como quem bate à porta sem ser convidado: ombro, joelho, coluna — todos querendo conversar. Mas eu não discuto com o tempo. Ele fala, eu escuto. Faço café, visto minha camisa mais elegante e saio. O céu está cor de festa, azul com pontinhos dourados. A bicicleta me espera como uma velha amante: elétrica, fiel, charmosa. Subo nela como quem sobe num palco.

Silvia Rocha
4 de out.3 min de leitura
bottom of page

