Os Impactos dos Grandes Desastres na Saúde Mental: Uma Análise Profunda da Resiliência Humana
- Silvia Rocha

 - 10 de set.
 - 11 min de leitura
 
Atualizado: 20 de set.
O Eco Silencioso das Catástrofes
Vivemos em uma era de paradoxos. Enquanto a tecnologia nos conecta em uma teia global de informação instantânea, a natureza, em sua força avassaladora, e as crises criadas pelo homem nos lembram de nossa fragilidade inerente. Grandes desastres, sejam eles naturais, tecnológicos ou sanitários, não deixam para trás apenas escombros físicos e perdas materiais. Eles deixam um rastro invisível, mas profundo, na psique humana. Este artigo se propõe a mergulhar nas águas complexas da saúde mental em contextos de desastres, explorando como eventos de grande escala impactam o bem-estar psicológico de indivíduos e comunidades (3). Faremos uma jornada que parte da gestão de riscos e chega ao manejo do luto, passando por análises teóricas e estudos de caso que marcaram o Brasil e o mundo, como as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 e a pandemia de COVID-19.

Nossa sociedade atual, marcada pela velocidade e pela busca incessante por controle, é confrontada de maneira brutal pela imprevisibilidade dos desastres. O comportamento humano, em resposta a esses eventos, revela uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos e sociológicos. A forma como lidamos com o trauma coletivo, como nos organizamos para a prevenção e como oferecemos suporte uns aos outros no pós-desastre são reflexos diretos de nossa maturidade como sociedade. Este texto busca, portanto, ser mais do que um compilado de informações; é um convite à reflexão e à empatia, um chamado para olharmos com mais atenção para as feridas invisíveis que os grandes desastres deixam em todos nós.
Da Emergência à Prevenção: Compreendendo a Gestão de Riscos e Desastres
Para entendermos o impacto dos desastres na saúde mental, é crucial diferenciar os conceitos de risco, emergência e desastre. O risco é a probabilidade de ocorrência de um evento adverso. A emergência é um evento que pode ser gerenciado com os recursos locais disponíveis. Já o desastre é um evento que excede a capacidade de resposta da comunidade afetada, exigindo ajuda externa (8). A gestão de riscos e desastres, portanto, não se limita à resposta pós-evento; ela abrange um ciclo contínuo de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação.
No Brasil, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) registrou um recorde de 1.690 desastres em 2024, um número que evidencia a crescente vulnerabilidade do país a eventos climáticos extremos (9). As enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em 2024, consideradas o maior desastre natural da história do estado, são um exemplo trágico da necessidade de uma gestão de riscos mais eficaz (10). A falta de políticas públicas robustas de prevenção e a ocupação desordenada do solo são fatores que agravam as consequências de eventos como esse.
Os primeiros socorros em situações de desastre não se restringem ao cuidado físico. Os Primeiros Socorros Psicológicos (PSP) são uma abordagem humanitária de apoio a pessoas que passaram por uma situação de crise (11). O objetivo não é fazer um diagnóstico ou tratamento, mas oferecer um suporte prático e não invasivo, que respeite a dignidade, a cultura e as capacidades das pessoas. Os PSP são fundamentais para reduzir o sofrimento inicial e promover a adaptação a médio e longo prazo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza um modelo de PSP que inclui os princípios de olhar (avaliar a situação), ouvir (escutar as necessidades das pessoas) e ligar (conectar as pessoas a informações, serviços e apoio social).
A Pandemia de COVID-19: Um Desastre Global e Silencioso
A pandemia de COVID-19, declarada em março de 2020, representou um desastre de escala global sem precedentes na história recente. Diferente de desastres naturais com epicentros geográficos definidos, a pandemia foi um evento difuso e prolongado, que afetou a todos, em todos os lugares. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que, já no primeiro ano da pandemia, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25% (2). Este aumento massivo foi impulsionado por múltiplos fatores de estresse, como o isolamento social, o medo da infecção, o luto por perdas de entes queridos e a instabilidade financeira.
"As informações que temos agora sobre o impacto da COVID-19 na saúde mental mundial são apenas a ponta do iceberg. Este é um alerta para todos os países prestarem mais atenção à saúde mental e fazerem um trabalho melhor de apoio à saúde mental de suas populações." - Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS (2).
Os jovens e as mulheres foram os grupos mais severamente impactados. Entre os jovens, o risco de comportamentos suicidas e autolesivos aumentou desproporcionalmente (2). Os profissionais de saúde, na linha de frente do combate à doença, enfrentaram níveis de exaustão que se tornaram um gatilho importante para o adoecimento mental. A pandemia também expôs a fragilidade dos sistemas de saúde mental em todo o mundo. Em 2020, os governos gastaram, em média, pouco mais de 2% de seus orçamentos de saúde em saúde mental, e muitos países de baixa renda relataram ter menos de um profissional de saúde mental para cada 100.000 pessoas (2).

O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia, viu seus desafios sociais e de saúde se aprofundarem. A crise sanitária se somou a uma crise política e econômica, criando um ambiente de incerteza e instabilidade que potencializou os impactos na saúde mental da população. A experiência da COVID-19 nos ensinou que a preparação para futuras pandemias deve, necessariamente, incluir um forte componente de saúde mental e apoio psicossocial.
O Luto Coletivo e a Reconstrução da Saúde Mental no Pós-Desastre
O período pós-desastre é marcado por um processo complexo de luto, que pode ser individual e coletivo. O luto não se refere apenas à perda de vidas, mas também à perda de lares, de meios de subsistência, de referências comunitárias e de um senso de segurança e normalidade. O manejo do luto em contextos de desastre requer uma abordagem sensível e culturalmente apropriada, que reconheça as diferentes formas de expressão do sofrimento e ofereça espaços para a elaboração das perdas (3).
No caso do desastre de Brumadinho, em 2019, a comunidade foi confrontada não apenas com a perda de 270 vidas, mas também com a contaminação do rio Paraopeba, uma fonte vital para a região. O conceito de "sofrimento ético-político", cunhado por profissionais de saúde mental que atuaram na região, descreve a dor causada pela negligência e pela impunidade, que agrava o trauma e dificulta o processo de luto (1). A luta por justiça e reparação se torna, nesse contexto, parte integrante do processo de cura.
No pós-desastre, a reconstrução não pode ser apenas física. É fundamental investir na reconstrução do tecido social e comunitário. Iniciativas como oficinas de arte, grupos de apoio e projetos de geração de renda são dispositivos eficazes para a reconstituição de laços afetivos e de vínculos comunitários (1). A retomada do fio da própria história, como descrevem os profissionais que atuaram em Brumadinho, é um passo essencial para que as pessoas possam ressignificar a experiência traumática e construir novos projetos de vida.

Olhares da Psicologia: Compreendendo o Trauma em Profundidade
Para além dos dados estatísticos, a compreensão dos impactos dos desastres na saúde mental exige um mergulho nas teorias psicológicas que se debruçam sobre o trauma. Diferentes abordagens nos oferecem lentes distintas para analisar como a psique humana processa eventos tão avassaladores.
A Perspectiva da Psicanálise: O Inominável e a Necessidade de Simbolização
A psicanálise, desde seus primórdios com Sigmund Freud, nos ensina que o trauma não é o evento em si, mas a forma como ele invade e sobrecarrega o aparelho psíquico (4). O trauma é aquilo que não pode ser nomeado, que resiste à simbolização e que se repete incessantemente na vida do sujeito. Em situações de desastre, como o incêndio na Boate Kiss, a escuta psicanalítica se volta para a criação de um espaço onde o excesso de estímulo possa ser transformado em narrativa (4). O trabalho do analista, nesse contexto, é o de ajudar o sujeito a construir uma história para o que foi vivido, a tecer palavras para o inominável, permitindo que o trauma seja, aos poucos, integrado à sua história de vida.
A Psicologia Analítica de Jung: O Inconsciente Coletivo e a Cura pelos Símbolos
Carl Gustav Jung, com seu conceito de inconsciente coletivo, nos oferece uma ferramenta poderosa para pensar o trauma em uma dimensão comunitária (12). Para Jung, além do nosso inconsciente pessoal, compartilhamos um vasto repertório de imagens e símbolos primordiais, os arquétipos, que são comuns a toda a humanidade. Em um desastre, não é apenas o indivíduo que é ferido, mas o próprio inconsciente coletivo da comunidade. A cura, nessa perspectiva, passa pela mobilização de símbolos e rituais que permitam a elaboração coletiva da experiência. O trabalho com a arte, com os sonhos e com as narrativas míticas pode ser um caminho para a restauração do equilíbrio psíquico da comunidade.
A Terapia Sistêmica Familiar: A Resiliência da Rede de Vínculos
A terapia sistêmica familiar nos lembra que ninguém sofre sozinho. Cada indivíduo é parte de um sistema de relações que é igualmente afetado pelo desastre (13). A perda de um membro da família, a destruição da casa ou o deslocamento forçado alteram toda a dinâmica familiar. A abordagem sistêmica se concentra em fortalecer os recursos da própria família e da rede de apoio comunitário. O objetivo é ajudar a família a se reorganizar, a redefinir papéis e a encontrar novas formas de se relacionar e de se apoiar mutuamente. A resiliência, nessa visão, não é uma característica individual, mas uma propriedade emergente do sistema de relações.

As Cicatrizes Invisíveis: Psicotraumas, Transtornos e Comorbidades
Os impactos dos grandes desastres na saúde mental se manifestam em uma variedade de quadros clínicos, que vão desde reações agudas de estresse até transtornos mentais crônicos. O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é o diagnóstico mais comumente associado a eventos traumáticos (3). Caracteriza-se pela revivência do trauma (flashbacks, pesadelos), pela evitação de estímulos associados ao evento, por alterações negativas no humor e na cognição e por uma hiperexcitabilidade fisiológica. Estudos mostram que a prevalência de TEPT em populações expostas a desastres pode variar de 15% a 30%.
Além do TEPT, os desastres estão associados a um aumento significativo na incidência de transtornos depressivos e de ansiedade. No caso das enchentes do Rio Grande do Sul em 2024, pesquisas indicaram que 9 em cada 10 atingidos relataram sintomas de ansiedade, com 37.004 afastamentos do trabalho por transtornos mentais registrados no estado, sendo 10.274 casos de depressão e 7.792 casos de ansiedade (5). A perda de entes queridos, de bens materiais e de um senso de propósito na vida são fatores de risco importantes para a depressão. A ansiedade, por sua vez, pode se manifestar como um estado de alerta constante, ataques de pânico ou fobias específicas relacionadas ao desastre. O uso de álcool e outras drogas também tende a aumentar, como uma forma de automedicação para o sofrimento psíquico.

É importante ressaltar que as cicatrizes dos desastres não são apenas psicológicas. O estresse crônico associado ao trauma pode ter um impacto significativo na saúde física, levando ao desenvolvimento ou ao agravamento de doenças cardiovasculares, respiratórias, gastrointestinais e dermatológicas (1). A conexão mente-corpo se torna evidente na forma como o sofrimento psíquico se manifesta no organismo, em um processo conhecido como somatização.
Um Convite ao Cuidado e à Esperança
Minha querida leitora, meu caro leitor, chegamos ao final desta jornada por um tema tão denso e, ao mesmo tempo, tão humano. Falar sobre desastres e saúde mental é tocar em feridas profundas, em dores que muitas vezes não encontram palavras para se expressar. Mas é também falar sobre a incrível capacidade humana de se reerguer, de encontrar força na vulnerabilidade e de tecer redes de afeto e solidariedade nos momentos mais sombrios. A resiliência não é a ausência de sofrimento, mas a coragem de atravessá-lo, de se permitir sentir e de buscar ajuda para transformar o trauma em aprendizado.
Cuidar da saúde mental não é um sinal de fraqueza, mas um ato de amor-próprio e de responsabilidade com a nossa própria história. Se você se identificou com algum dos sentimentos descritos neste artigo, saiba que você não está só. Busque ajuda, converse com pessoas de sua confiança, procure profissionais de saúde mental. A sua jornada de cura é única e preciosa.
Felizmente, existem diversas organizações e iniciativas dedicadas a oferecer apoio em momentos de crise. No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito 24 horas através do telefone 188, enquanto organizações como a Cruz Vermelha Brasileira e a Defesa Civil atuam diretamente em situações de emergência. Internacionalmente, a Médicos Sem Fronteiras, a UNICEF e a própria Organização Mundial da Saúde desenvolvem programas específicos de saúde mental em desastres. Além disso, plataformas digitais como o "Mapa da Saúde Mental" conectam pessoas a profissionais qualificados, e iniciativas comunitárias locais frequentemente emergem como redes de apoio fundamentais. Lembre-se: pedir ajuda é um ato de coragem, e há sempre uma mão estendida esperando para acolher você.
Para aprofundar a reflexão sobre o impacto emocional de sobreviver e a força dos vínculos familiares diante do caos, vale conhecer o filme “O Impossível”, que retrata a história real de uma família que enfrentou o tsunami de 2004 na Tailândia. Mais do que uma narrativa de tragédia, é um testemunho da esperança que resiste mesmo nas circunstâncias mais extremas.
A leitura do artigo “Filme "O Impossível": O Impacto Emocional de Sobreviver” aprofunda essa perspectiva, trazendo reflexões sobre trauma, resiliência e reconstrução. Que essa travessia inspire a certeza de que, mesmo após a mais longa das tempestades, o sol sempre volta a brilhar.
Com carinho, Silvia Rocha

Silvia Rocha é psicóloga (CRP 06/182727), terapeuta integrativa e hipnoterapeuta master, com graduação em Psicologia em 2005. Fundadora do Espaço Vida Integral, atua com foco no bem-estar emocional, crescimento pessoal e fortalecimento de relacionamentos, oferecendo terapias individuais, de casais, sistêmicas e familiares.
Possui formações em Psicoterapia Breve e Focal, Psicanálise, Doenças Psicossomáticas, Coaching, Psicologia Transpessoal, Terapias Quânticas/Holísticas, Constelação Sistêmica Familiar e Apometria Clínica Avançada. Com mais de 30 anos de experiência na área corporativa, MBA em Gestão Empresarial pela FGV/RJ e Pós-Graduação em Negócios pela FAAP/SP, Silvia também realiza Coaching Pessoal.
Contato:
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WhatsApp: (12) 98182-2495
Referências Bibliográficas
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